O papel da pesquisa em marketing: uma conversa com Rodrigo dos Reis

Compreender o comportamento do consumidor, analisar o mercado e direcionar estratégias de forma mais precisa, tudo isso, por meio da pesquisa na área do marketing, estratégia valiosa que está em constante ascensão. Com técnicas quantitativas e qualitativas, as pesquisas fornecem insights valiosos para tomar decisões estratégicas e alcançar resultados consistentes. 

Para desenvolver o assunto de maneira qualificada, conversamos com Rodrigo dos Reis, CEO da Zeitgeist e expert na área.  Para Rodrigo, empresas que estudam seus clientes, por meio das pesquisas, são comunicadoras melhores e como resultado ganham eficácia, menos gasto em mídia e mais diferenciação. 

Olá, Rodrigo! Tudo bem? Para iniciarmos, nos conte sobre sua carreira profissional e como foi sua trajetória até se tornar CEO da Zeitgeist, por gentileza.

Resposta: Com 16 anos eu já sabia que queria trabalhar com estratégia de alguma forma e fui estudar marketing por causa disso. Conectar estratégia com o entendimento do ser humano por diferentes abordagens virou uma paixão. Esse interesse me levou a passar por por diversos tipos de pesquisa ao longo da minha carreira, começando por estudos volumétricos e dimensionamento de mercados, depois pesquisa quantitativa em uma das grandes do mercado que foi uma grande escola para mim, uma pós graduação na Europa que expandiu meus horizontes e me conectou a pessoas que mudaram os rumos da minha carreira e finalmente, uma passagem por uma líder global no estudo de tendências. Essa ideia de olhar os desafios com diferentes lentes e ser capaz de combinar essas perspectivas para criar soluções mais robustas é parte fundamental do que virou a proposta de valor da Zeitgeist.

Qual é o papel da pesquisa de mercado no desenvolvimento de campanhas de comunicação de sucesso?

Resposta: Empresas que estudam seus clientes com rigor e de forma mais recorrente e entendem suas necessidades, têm contextos de uso bem mapeados e não ficam só olhando a grama do vizinho são comunicadoras melhores naturalmente porque ficam menos dependentes de insights criativos para campanhas específicas. O resultado é mais eficácia, menos gasto em mídia e mais diferenciação.

Veja também:  Armadilhas e obstáculos no marketing nativo a serem observados em 2024

Quais são os desafios mais comuns enfrentados pela  Zeitgeist ao conduzir pesquisas e como eles são superados?

Resposta: Sem dúvida as duas coisas mais difíceis são:

– Sintetizar tudo que a gente aprende nos estudos em um todo que forme uma história, com recomendações realmente aplicáveis, sem deixar nada importante para trás e sem sobrecarregar a cabeça do cliente com coisas que podem ser interessantes, mas são digressões dos objetivos principais. Resolver isso é uma combinação de experiência, capacidade narrativa, usar bem visualização de dados e conseguir cooperação do cliente para entender o contexto do negócio o melhor possível. Ter prazo o suficiente também ajuda muito! Fazer ser simples é extremamente trabalhoso.

– Dar notícias ruins e confrontar certezas internas não baseadas em dados. Quando você contesta hipóteses internas do cliente ou algo que está sendo avaliado com pesquisa é mal recebido (um produto, uma comunicação, etc.), sempre existe uma chance enorme de que “atirem no mensageiro”. Um dos jeitos de resolver é mapear as evidências que estão sendo usadas para sustentar cada hipótese, fazer uma avaliação justa das limitações delas e tentar colocar em uma pirâmide – que dado é mais confiável, que dado é menos, como foi gerado, e assim por diante. Outro jeito, que eu acho fundamental para quem trabalha com pesquisa, dados e marketing, é entender muito de viéses cognitivos e saber pescar esses viéses nas linhas de argumentação das pessoas.

Além da apresentação de resultados, como a Zeitgeist agrega valor às suas pesquisas? Como ajudam os clientes a interpretarem os dados e transformá-los em insights acionáveis para seus negócios ou tomada de decisões estratégicas?

Resposta: Eu acho que tem uma parte muito importante que vem antes de todo o processo começar, que é convencer o cliente a realmente a se abrir sobre os desafios, as limitações internas, as tensões políticas e não só falar onde ele gostaria de chegar – pesquisa é muito sobre contexto! Eu brinco com as pessoas que o que a gente faz é terapia de casal entre marcas e pessoas porque para chegar nas melhores soluções possíveis a gente precisa ouvir com rigor e profundidade tanto do cliente para dentro quanto do cliente para fora. O “acionável” que você mencionou depende muito do quanto o cliente se dispôs a dividir com a gente. Outra coisa que ajuda muito é colocar os times dos clientes para criar, trabalhar, priorizar e ajustar ideias e iniciativas de ações em cima dos resultados dos estudos – nesses casos nós mesmos fazemos a facilitação e os resultados são sempre ótimos. As pessoas se sentem “donas” das ideias e essa colaboração, muitas vezes entre áreas distintas e pessoas que não se cruzam muito no dia a dia, ajudam muito com que as dificuldades sejam entendidas e negociadas. É isso que faz as ideias realmente saírem do papel e faz a voz do cliente ter impacto nos negócios!

Veja também:  Como escolher os canais certos para o seu negócio?

Qual é o papel fundamental das pesquisas para uma marca, seja ela consolidada ou recente no mercado? Descreva em poucas linhas a sua relevância, considerando a ampla gama de abordagens da Zeitgeist.

Resposta: Nos círculos de marketing e negócios muito se discute e se almeja a centralidade no cliente, que é vista como a vantagem competitiva mais crítica para qualquer negócio. Não existe cliente no centro se esse cliente não é estudado e entendido de forma recorrente, rigorosa e baseada em ciência – é isso que pesquisa bem feita faz. Ter sensibilidade cultural e empatia importa muito, mas ter métodos provados, consistentes, verificáveis é tão importante quanto – não existem atalhos.

Para finalizarmos, um rápido bate bola (responda com uma frase de até 3 palavras).

👥 Para você, trabalhar com marketing digital é:

Evidência guiando estratégia. Um progresso enorme nos últimos anos e um entendimento do qualitativo como fundamental para o sucesso.

📚 Uma indicação de livro para profissionais da área: 

Podem ser dois? O povo brasileiro do Darcy Ribeiro e Chief Culture Officer do Grant McCracken

👩🏽 Uma referência/inspiração de carreira:  Jan Chipchase

🤫 Uma dica que você carrega para os negócios e para a vida: 

Ser ético é uma estratégia de longo prazo que recompensa melhor que qualquer atalho.

B.done | Joana Kraemer

 

Continue Lendo:

Implementação de inteligência artificial

Implementações de inteligência artificial no marketing

Durante parte considerável do surgimento da inteligência artificial (IA) no marketing, conversas sobre os reais benefícios

Crescimento digital da Divinal Vidros: estratégias e resultados

Em uma manhã de 1953, nascia uma ideia: transformar vidros e espelhos comuns em elementos capazes

4 Verdades e 4 Mitos sobre o Marketing de Conteúdo

O marketing de conteúdo é uma ferramenta poderosa para empresas de todos os portes, mas também

Receba informações e notícias em seu e-mail.